quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Questão - Conhecimento e suas características atuais: cada vez mais um FLUXO e menos um RESERVATÓRIO

Tendo em vista o tópico na comunidade do Peabirus sobre esse assunto, essa importante transição na forma do armazenamento do conhecimento, cada vez mais como um fluxo, cada vez menos um reservatório, é importante discutir o assunto sobre o ensino nas escolhas de hoje. Aproveitando o comentário da Denise, atualmente as escolas estão formando alunos na forma de reservatório de conhecimento para passar no Vestibular, e não estão ensinando o aluno a pensar, utilizar o conhecimento como um fluxo.

Considerando a demanda e requisitos necessários hoje para entrar no mercado de trabalho, quais tipos de mudanças você considera necessário no ensino das escolas para formar mais alunos que utilizam o conhecimento como um fluxo e não mais como reservatório? Essas mudanças devem ser realizadas desde qual série no colégio?

Isso vem se tornando um grande problema nas faculdades, pois tem crescido o número de alunos mal acostumados com a era da Internet, com as informações todas na mão, sem precisar correr atrás do conhecimento e construí-lo.

Você concorda que atualmente essa nova geração de jovens sofre desse problema?
Quais sugestões você daria para reverter esse processo?

3 comentários:

Rafael Griffo Goes disse...

Como a escola tradicional tem como foco ensinar os fundamentos, não vejo muita necessidade de alterar a forma de ensino. Isso porque os fundamentos não mudam - ou mudam muito lentamente. Entretanto, a partir de um ponto é preciso preparar o aluno para o mundo atual, onde o conhecimento é um fluxo. Já no caso de escola técnica ou profissional acredito que deva-se sempre explorar o conhecimento como um fluxo.

Avaliando a situação realmente pode-se perceber que cada vez mais os jovens estão acostumando ter as informações todas na mão, sem precisar correr atrás do conhecimento e construí-lo.

E acho que, para que tenha alguma mudança nesse aspecto, deve-se alterar a forma de avaliação de forma que passe a avaliar mais a capacidade do individuo de pensar do que de memorizar.

L. F. Duarte disse...

Considerando as demandas e os requisitos para entrar no mercado, não creio que hajam muitas mudanças a serem feitas. De fato, está tudo muito bem programado, seguindo uma linha estreita e determinada durante anos de existência na sociedade.

Fugindo um pouco da questão, eu acho que o real problema está nesta relação entre escola e mercado de trabalho. Em primeiro lugar, o mercado faz demandas lineares demais, e são justamente estas demandas que muitas vezes modelam as instituições tradicionais de ensino, uma vez que os sonhos da maioria se resumem a entrar neste mercado de trabalho. Em segundo lugar, a escola não deve ser jamais uma fábrica de profissionais. Ela deve ser sim uma instituição formadora de cidadões, promovedora da liberdade, da criatividade, das múltiplas facetas humanas e culturais. Ela deve promover reflexões éticas e existenciais, acima de qualquer requisito profissional. Ela não deve limitar, mas sim potencializar.

De fato, eu acho que cada vez mais os jovens estão se acostumando a receber as coisas muito prontas. Mesmo aqueles que conseguem buscá-lo de fontes como a Internet, muitas vezes não fazer mais do que um recorte sobre tudo o que foi pesquisado, não produzindo nenhuma forma de conhecimento própria deles mesmos.

Creio que reverter este processo não é algo simples. Toda a estrutura da sociedade tem que ser reformulada, pois o principal problema que percebo é que os objetivos estão muito programados. Há pouca reflexão sobre o que de fato se quer, pouco pensamento sobrea significação das decisões tomadas. Muitas vezes, nem decisões tomadas há. Uma vez marionetes, os jovens não estão mesmos aptos nem dispostos a buscar nada. Por isto, creio que o princípio para as mudanças é a libertação de tudo o que limita e estreita as capacidades dos indivíduos sociais.

henrique disse...

Aprender é diferente de decorar.

Ter informação a mão não quer dizer muita coisa. Também não é algo ruim. Pelo contrário, é algo maravilhoso. Mas nos força a repensar nosso modelo de educação.

Mês e dia da independência não são importantes. Complexidade de pior caso do Quicksort não é importante. Entender as implicações políticas e sociais da independência, entender como se calcula a complexidade de um algoritmo e o que essa complexidade significa, essas sim são as coisas importantes.

Porém, nosso modelo de educação ainda foca muito nos detalhes inúteis. É hora de parar de cobrar dos alunos decoreba inútil, e passar a cobrar deles raciocínio, inferência, capacidade de reduzir problemas novos a problemas conhecidos.